quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Hugh Hefner está com as coelhinhas no céu

Hugh Hefner, metodista, quem diria, chegou aos 91 anos de idade e não passou disto. Pelo jeito a vida cercado de coelhinhas por todos os lados lhe foi agradável. Sua Playboy, criada em 1953 apenas como mais uma revista de mulheres semi-peladas, teve, inteligentemente, um grande diferencial: as entrevistas, contos e artigos.

A frase que sempre se ouviu em muitas casas, quando uma mãe ou esposa encontrava Playboys bem escondidas ou nem tão escondidas assim era: "Ah... Só compro pelos artigos..." Aqui no Brasil a Ele e Ela e a Status também enveredaram por este caminho vencedor.

Antes da morte de Hefner, a última edição da Playboy sob sua tutela teve 800.000 exemplares, contra os quase 6 milhões por mês que tirava na segunda metade da década de 1970, apenas nos EUA. Este número não inclui as edições locais nos mais diversos países, inclusive no Brasil onde liderou o mercado por muitos anos.

E homenageando este ícone da mídia, que soube estabelecer a linha muito clara entre erótico e sensual ao invés de pornô, publico a imagem abaixo. É uma arte, uma pintura de Haddon Sundblom (1889-1976), de fato, seu último trabalho. Haddon é o artista que criou aquele Papai Noel gordo e rechonchudo das propagandas da Coca-Cola, mas era especializado em pintar pessoas, principalmente mulheres lindas, com traços e pinceladas que só ele tinha, misturando o realismo com a arte, criando algo que não era nem lá, nem cá.

Entres os grandes artistas de capas norte-americanas que trabalharam para a Coca-Cola e muitas outras marcas e publicações podemos citar três que trabalharam o realismo e hiper-realismo com traços completamente diferentes. Além de Haddon, havia Norman Rockwell (1894-1978) e Hanania Harari (1912-2000, nome real, Richard Falk Goldman) artista judeu politicamente ativo na esquerda norte-americana. Além de mais uns 10 ou 12 outros artistas. Muitos se perguntam como eles conseguiam pintar detalhes tão pequenos, por vezes até textos de jornais em suas artes do tamanho de capas de revistas ou menores. É simples. Na verdade eles pintavam em telas com 3 metros de altura que depois eram fotografadas e reduzidas no fotolito para a impressão.

A capa é para o Natal de 1972, época em que a tiragem da Playboy deveria estar em torno dos 4 milhões de exemplares.

Se o leitor tiver vontade de ler as chamadas de capa, encontra logo como primeira e segunda: "O novo humor maluco por Woody Allen, e Novos Trabalhos por Bernard Malamud. Em seguida vinha um conto de ficção científica de Ray Bradbury e uma entrevista com o escritor, poeta e autor de peças teatrais russo, Yevgeny Yevtushenko.

Certamente você não conhece este nome, mas Yevgeny Yevtushenko é o autor do poema Babi Yar, publicado num dos principais jornais soviéticos em 1961. Lá ocorreu o massacre de 75.000 judeus de Kiev, capital da Ucrânia, nas florestas de Babi Yar, pelo 'Grupo de Extermínio C' da SS nazista comandado pelo coronel Paul Blobel (julgado pelo Tribunal de Nuremberg e enforcado em 1951) culpado por todas as matanças conduzidas por seu grupo. Babi Yar é um dos únicos momentos de recordação oficial soviética dos massacres nazistas da Segunda Guerra Mundial, mas não contra os judeus, e sim contra civis soviéticos.

Ralph Nader, o grande criador dos direitos do consumidor nos EUA também teve uma coluna nesta edição, entre outros. Portanto, havia mesmo o que ler, fingindo não apreciar as moças.