domingo, 23 de março de 2014

Atos Terroristas no Brasil de 1964 a 1969

CINCO ANOS DE TERROR

Reportagem de Luiz Carlos Sarmento

Publicado pelo Correio da Manhã de domingo, 6 de abril de 1969
(gramática da época)

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(nota de março de 2014: é preciso que se entenda a lista abaixo com a perspectiva do momento em que ela foi publicada. É um documento precioso da guerra terrorista que se travou no Brasil entre os movimentos comunistas e os movimentos anticomunistas. Os dois lados não possuíam comando único. Cada grupo agia como pudesse ou achasse necessário. Ambos lados tinham como característica, não assumir a autoria dos atentados, dificultando as investigações. Alguns dos ataques abaixo só foram vinculados a este ou aquele grupo, décadas depois, já no período da abertura política. A maior parte dos alvos era composta por trabalhadores e estudantes, mulheres e crianças, e a mídia. Qualquer coisa que tivesse uma ligação com os Estados Unidos, mesmo que apenas pelo nome, era alvo legítimo para a esquerda e locais onde estudantes comunistas se reuniam era alvo legítimo para os estudantes de direita. A maior parte dos explosivos citados como roubados na matéria abaixo, junto com o armamento roubado pelo capitão Lamarca e seus comparsas, foi utilizado, posteriormente ao longo do tempo. É preciso também compreender que não foram publicadas fotos de praticamente nenhuma das ações abaixo, devido à censura, mesmo a partir do início de 1964, muito tempo antes da censura oficial se instalar. As matérias completas sobre cada ação podem ser lidas nos jornais dos dias seguintes aos fatos. Esta lista não contempla roubos, assaltos, sequestros e assassinatos. A Comissão da Verdade não vai nem chegar perto destes assuntos…)

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Uma criança cega e outras quatro mutiladas. Um soldado morto e uma empregadinha doméstica com o rosto irreconhecível. Dezenas de pessoas que trazem, no corpo a “marca do terrorismo”, para não falar naquelas que perderam a vida. Jornais, escolas, teatros, casas comerciais e prédios do Governo destruídos. Eis o saldo trágico dos 144 atos de terror praticados desde 64 até os primeiros dias de 69, passando pelos atentados contra um ministro de Estado (atual presidente da República) dos Guararapes, em Recife, em 1966, no Aeroporto e contra o CORREIO DA MANHÃ, nos fins do ano passado.

Milhares de prisões, investigações sumárias, severos inquéritos que prometiam "apurar com o máximo rigor” os atentados, trouxeram resultados absolutamente negativos no que concerne à autoria dos atos. A verdade é que — como acontece nas investigações que apuram os assaltos a bancos — há uma infinidade; de pessoas e entidades suspeitas de terem praticado atos de terror, mas nada de positivo que provasse a culpabilidade dessas pessoa ficou devidamente e “rigorosamente” apurado. A única coisa que a Nação sabe é que os fatos existiram e continuam existindo.

TFP (nota: Tradição Família e Propriedade), CCC (nota: Comando de Caça aos Comunistas), MAC (nota: Movimento Anticomunista), Manes, Marighela, João da Silva, Exército da Libertação Nacional, etc. não passam de nomes e siglas suspeitas na confusa colcha de retalhos das investigações.

Roubam-se dinamite e armas com a mesma facilidade que se assalta um banco. Atenta-se contra a vida de bancários como se atira uma bomba contra uma inocente empregada doméstica, como aconteceu no principio dêste ano, no cruzamento das ruas Voluntários da Pátria e Real Grandeza, quando Alzira de tal morreu com o corpo, esfacelado e com o rosto irreconhecível. lmpunemente.

Há, entretanto, oficialmente (podem existir outros que a Nação desconhece), nove órgãos dedicados à investigação, sobretudo de atividades políticas. Além de serviços menores, de segurança, que funcionam junto aos gabinetes aos governadores, e dos ministros civis e das Secretarias de Segurança, em cada Estado funcionam os seguintes órgãos zelando pela segurança dos povo: 1) Serviço Nacional de Informações (SNI); 2) Departamento de Polícia Federal (DPF) através do Serviço de Ordem Política e Social (SOPS); 3) Secretaria de Segurança através dos respectivos DOPS; 4) Serviço Secreto do Exército, que está ligado diretamente ao gabinete do ministro, com ramificações em cada uma das unidades militares; 5) Centro de Informações da, Marinha (CENIMAR); 6) Serviço Secreto do Corpo de Fuzileiros Navais, que funciona junto ao CENIMAR; 7) Serviço Secreto da Aeronáutica; 8) Serviço Secreto da Policia Militar; 9) Serviço Federal de Informações e Contra-Informações (SFIC) que funciona defronte da Embaixada dos Estados Unidos, na Avenida Presidente Wilson, na Guanabara, sendo, êste, órgão, pertencente do Conselho de Segurança Nacional.

Tais órgãos recebem verbas secretas e vultosas. Todavia, nenhum dêles deu uma satisfação ao Pais sôbre o andamento das investigações. Isto só leva a um caminho: dizer que as investigações e seus resultados estiveram todos êsses anos — e ainda continuam — na estaca zero.


ATENTADOS EM 64

2-3-64 — São Paulo — Uma banana de dinamite explode no Instituto Feminino de Educação e Cultura Judaica Beth Jacob, localizado na Alamêda Tietê, 255. Causou danos materiais. Não houve vitimas. (nota: note que este ataque ocorre em 2 de Março, portanto ainda 29 dias antes do Golpe Militar. Além da bomba na escola judaica feminina, atribuída a um grupo nazista, que em 1963 havia pixado suásticas nas portas de casas de judeus em São Paulo e atacadas as torres da Rádio Marconi AM, que dava cobertura às lutas da esquerda, naquele momento. No dia 13 de março dirigentes da "Aliança Contra o Anti-semitismo" atribuiram o ataque ao MAC e a um grupo obscuro chamado Quarteirão.)

19-7-64 — Guanabara — Uma bomba jogada pela madrugada contra as Mercearias Nacionais, em Pilares, fere o comerciante Antônio Monteiro.

21-10-64 — Guanabara — Explode uma bomba na Faculdade de Direito. Não houve feridos.

22-10-64 — Guanabara — Bomba no Cine Bruni, na Praia do Flamengo, mata uma pessoa, ou mais precisamente, o vigia.

1-12-64 — Estado do Rio — Explode o sistema de refrigeração do Cine São Bento, em Niterói. Polícia suspeita de ter sido ato terrorista; Antes, no dia 28 de novembro, houve uma tentativa, frustrada, de descarrilamento de um trem, em Sete Lagoas, Minas Gerais.


ATENTADOS EM 65

15-3-65 — Guanabara — Uma bomba relógio de brinquedo foi encontrada no Cine Ópera, na Praia de Botafogo. Estava marcada para “explodir” às 21 horas. Era de brinquedo.

1-4-65 — Guanabara — Uma bomba-relógio de verdade é encontrada no conjunto residencial do IAPI. Não chegou a explodir.

22-4-65 — São Paulo — Diversas instalações do jornal O Estado de São Paulo são destruídas por uma bomba-relógio. A bomba explodiu de madrugada. Não machucou ninguém.

18-5-65 — Guanabara — Nos jardins da Embaixada Americana é encontrada uma bomba contendo oito “bananas” de dinamite. O DOPS a recolheu.

22-9-65 — Guanabara — Duas bombas explodem na Sala dos Pregões da Bôlsa de Valôres, ferindo 10 pessoas.

29-9-65 — Minas Gerais — Explode uma bomba no DOPS de Belo Horizonte. Não houve feridos.

2-10-65— Guanabara — Duas bombas explodem na sede da OEA, na Praia do Flamengo. Vidraças arrebentadas e muitos danos materiais.

19-10-65— Guanabara — Duas bombas explodem na entrada principal do Clube Naval. Não houve vítimas.

10-65 — Mais três bombas explodiram durante o mês de novembro. A primeira delas, defronte a residência do sr. Juracy Magalhães, que por sinal estava em Brasília; a segunda, no 3.° andar do Ministério do Exército, e a terceira, no térreo do Ministério da Fazenda. Nenhuma delas fêz vitimas, causando, todavia, danos materiais.


ATENTADOS EM 66

5/3/66 — Guanabara - Dois funcionários do Departamento de Limpeza Urbana encontram na Rua Cândido Mendes, misturadas com o lixo, duas bombas tipo granada, que não chegaram a explodir.

31/4/66 - Pernambuco - Duas bombas explodem no Recife. A primeira na sede do DCT (feriu duas pessoas) e a segunda na residência do então comandante do IV Exército, general Damasceno Portugal.

13/6/66 — Minas Gerais — Atentado contra a sede do Instituto Brasil—Estados Unidos, de Belo Horizonte. Elementos não identificados jogaram gasolina no prédio, e em seguida atearam fogo. O IEEU ficou parcialmente destruído.

29/6/66 — Brasília, DF — Às 3h15min explodiu bomba na Casa Thomas Jefferson, causando sérios prejuízos.

25/7/66 — Pernambuco — Atentado contra o marechal Costa e Silva, no Aeroporto dos Guararapes. Bombas explodiram às 8h50min e estavam colocadas numa escarradeira, perto da entrada onde são descarregadas as bagagens. Resultado: dois mortos o almirante Nelson Gomes Fernandes e o jornalista Edson Régis, secretário de Administração do Governo pernambucano, e mais 13 feridos. Mais de 500 prisões são efetuadas. Quase na mesma hora do atentado do aeroporto, explodiram mais duas bombas uma contra a sede da União dos Estudantes de Pernambuco e outra contra a sede da USIS. No primeiro atentado duas pessoas saíram gravemente feridas.

2/8/66 — São Paulo — Uma bomba explode no banheiro do Cine Itajubá, em Santos, provocando pânico e danos materiais.

3/8/66 — Paraíba — Bomba explode no Colégio João Pessoa. Não houve vítimas.

4/8/66 — Guanabara — Pânico entre os funcionários do IPASE. Um telefonema anônimo dizia que uma bomba ia explodir no saguão da seção financeira, na Rua Pedro Lessa. O prédio foi evacuado às pressas. A Policia foi ao local e nada encontrou.

5/8/66 — Goiânia — Uma bomba explode na agência do Banco Mercantil de Minas Gerais, causando prejuízos materiais.

6/8/66 — Rio Grande do Sul — O governador recebe um telefonema anônimo ameaçador. O prédio iria pelos ares por causa de uma bomba. Imediatamente manda todos os funcionários do Govêrno para rua. Fecha o palácio e entrega as chaves à policia. Rebate falso.

7/9/66 — Guanabara — Uma bomba de fabricação caseira explode no 8.° andar do Ministério do Exército. Não houve vítimas.

8/10/66 — Guanabara - Outro alarme falso. Desta vez contra o Ministério da Educação. O prédio foi evacuado, houve pânico, mas a Policia nada encontrou.

12/10/66 — São Paulo — Desta vez foi pra valer: bomba explode nos fundos do Palácio dos Campos Elíseos, não chegando, porém, a produzir danos materiais. .


ATENTADOS EM 67

3/1/67 — São Paulo 7- Um defeito técnico numa bomba impediu que uma fábrica de pneus; localizada na Rua dos Prazeres 284, fôsse pelos ares. As bombas não chegaram a explodir. Técnicos disseram que elas eram de grande potência, embora da fabricação caseira. Foram encontradas por dois guardas da fábrica que logo comunicaram o fato ao DOPS.

10/3/67 — Guanabara — Desta vez a propalada bomba do MEC explodiu. Explodiu no 14.° andar, às 14 horas, pondo em pânico mais de dois mil funcionários. Era de grande potência, mas não causou vítimas. Apenas danos materiais.

13/3/67 — Guanabara — Outra bomba no MEC. Na mesma hora daquela que explodiu no dia 10. Desta vez o petardo foi colocado no 12.° andar, onde funcionava a Contabilidade da Campanha de Expansão do Ensino Comercial. Não houve vitimas.

17/3/67 — São Paulo — Explode uma bomba na Estação de Vila Matilde (ramal da Central do Brasil), causando apenas danos materiais.

21/3/67 — Guanabara — Material explosivo que estava dentro de uma garrafa que foi jogada na lixeira da Rua Jardim Botânico, 1.204, explodiu, ferindo gravemente o funcionário do DLU, Ozarias Moreira Sotero.

27/3/67 — São Paulo — Explode, bomba no Centro da Indústria Metalúrgica. Não houve vítimas.

3/5/67 — Guanabara — Duas crianças, Noel e Teresa, ficaram gravemente feridas ,uma delas mutilada, quando explodiu uma bomba na casa 352 da Estrada do Papagaio, em Jacarepaguá. O pai de uma das crianças, o operário Aloísio Leonardo Reis, encontrou o petardo na rua e resolveu levá-lo para casa. A bomba explodiu no banheiro. O operário também saiu ferido juntamente com sua mulher, dona Alice.

6/5/6T - São Paulo — Às 3h30min, bomba explode e destrói o Cartório da Paz e o Registro. Civil do 38° Subdistrito de Vila Maltide, localizado na Avenida Conde de Frontin, n.° 2.306. Não houve vítimas.

14/7/66 — Guanabara — Bomba de grande potência explode pela manhã na casa 56 da Rua Bamboré, em Del Castillo. Fêz duas vítimas. Uma delas, o menino José Antônio. Ficou cego.

1/8/67 — Guanabara — Explodem bombas nos escritórios do programa “Voluntários da Paz" na Praia do Russel. As bombas eram de fabricação caseira e estavam dentro de um saco azul e branco. Ruy Ribeiro esfacelou uma das mãos e as norte-americanas Helen Keln e Patrícia Yander ficaram gravemente feridas, com vários estilhaços nos corpos. Mais tarde soube-se que o sr. Ruy Ribeiro teve que amputar a mão.

4/8/67 — Guanabara—Minas Gerais — No Rio um alarma falso fêz; com que a sede do IBEU de Copacabana fôsse evacuada às pressas. Um telefonema anônimo dizia que uma bomba iria explodir às 16 horas. Em Belo Horizonte, a polícia apreendeu 17 bananas de dinamite na casa do pedreiro Antônio de Carvalho.

18/8/67 — Guanabara — Duas bombas explodiram na Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A primeira, às 19h30min, e a segunda às 20h15min. Dois estudantes saíram feridos.

24/9/67 — Guanabara — Nos jardins do palacete do adido militar dos Estados Unidos, coronel Jerry Jay Hunt, no Leblon, explode uma bomba sem causar vítimas.

1/10/67 — Maceió — Quatro pessoas saíram feridas quando uma bomba explodiu no interior do Cinema São Luís. A bomba era de fabricação caseira.

22/10/67 — São Paulo — Cinco bombas explodiram em cinco cinemas de Ribeirão Preto, tôdas quase ao mesmo tempo. Os cines atingidos foram: Centenário, Pedro II, São Jorge, Suez e São Paulo. As bombas estavam “rotuladas” com as iniciais “SALN”.

Dezembro de 67 — Foi frustrado um assalto à Escola de Cadetes de Barbacena. A polícia descobriu que um grupo de estudantes terroristas pretendia proclamar a “República das Rosas". A correção de provas reteve oficiais e professôres na Escola. O fato só foi revelado em março de 68. Sete estudantes estavam envolvidos no inquérito, e em poder dêles foi encontrado todo o mapa da Escola dos Cadetes, na Serra do Prado.


ATENTADOS EM 68

19-3-68 — São Paulo — Duas bombas explodiram no Consulado norte-americano, ferindo gravemente Orlando Loveki, Fernando Varela e Edmundo Ribeiro Mendonça. Os feridos estavam num carro estacionado nas proximidades do Consulado quando se deu a explosão. Depois de medicados foram envolvidos como suspeitos, juntamente com dois outros estudantes.

10-4-68 — São Paulo — Bomba "Molotov" explode no QG ,da Fôrça Pública, na Praça Fernando Prestes. Causou um princípio de incêndio. Não houve vitimas.

14-4-68 — Pôrto Alegre — Bomba "Molotov" explode no Teatro Leopoldina, onde se exibia Juca Chaves, Também não houve vítimas.

15-4-68 — São Paulo — Bombas de dinamite do alto teor explosivo foram atiradas contra o Q_G do II Exército, a poucos metros do gabinete do então comandante, general Sizeno Sarmento. Os petardos estavam embrulhados em folhas de jornais. Feriram uma telefonista de uma loja vizinha e um rapaz que tentou apagar o pavio da bomba com um balde de água.

20-4-68 — São Paulo — Outra bomba de alto teor explosivo é jogada às 3h30min na portaria do jornal O Estado de São Paulo. Destruiu tôda a fachada do prédio. O porteiro Mário José Rodrigues saiu gravemente ferido. Os prédios vizinhos foram danificados pela explosão. A bomba arremessou longe um veículo que passava pelo local (ferindo também duas pessoas. A Sucursal do jornal O Globo, localizada no 19.° andar de um prédio defronte ao do Estadão, também sofreu danos.

21-4-68 — São Paulo — Uma bomba explode às 20h30min na residência do ex-procurador-geral do Estado, sr. Virgilio Malta Cardoso, na Avenida Rebouças, 3.143. Apenas à empregada estava em casa. Não houve feridos.. O presidente Costa e Silva diz ao governador Sodré que “as bombas são para derrubar o regime”.

22-4-68 — São Paulo — Telefonemas anônimos fazem evacuar o prédio da Assembléia Legislativa. Pânico é total entre deputados e funcionários. A mesma coisa aconteceu, à noite, no Hotel Nacional, em Brasília. Ambos os telefonemas diziam que “uma, bomba vai fazer o prédio voar pelos ares".

25-4-68 — Maranhão — O terror chega a São Luiz. O DCT local também recebe telefonemas ameaçadores. Não houve bombas.

1/5/68 — Guanabara — São presos o ex-ofidal búlgaro Nicola Dodoroff e o ex-estudante Pedro Mota Mendes. Revelaram que iam jogar bombas na Embaixada americana. Em poder dos presos foi encontrado o croquis da Embaixada.

6/5/68 — São Paulo — Um vigia do gabinete do, prefeito de São Paulo, no Ibirapuera, encontrou, às 22h45min, uma bomba de fabrico caseiro no gabinete do brigadeiro Faria Lima. A bomba não chegou a explodir e foi recolhida pelo DOPS.

6/5/68 — São Paulo — Explode bomba numa garagem de uma emprêsa de ônibus, nos arredores da Cidade. O vigia, sr. Miguel Don Pedro, disse que a bomba foi jogada por ocupantes de um “Volks” que tinha rumado, em seguida, para Garulhos. Não foi possível identificar a placa do carro.

7/5/68 — São Paulo — O funcionário Francisco Marques de Oliveira, encontra uma bomba enterrada perto de um bebedouro, no Parque do Estado, na Agua Funda. O petardo estava armado para explodir. Não explodiu. A Polícia Federal foi incumbida de apurar o caso.

8/5/68 — Pôrto Alegre — Carga de dinamite explode numa balsa que estava sôbre o Rio Turvo, entre Três Passos e Tenente Portela. Não causou vitimas. A Polícia suspeitou, na época, de um grupo do coronel Jefferson Cardin.

5/6/68 — Guanabara — Bomba explode no pátio do Colégio Pedro II, às 14 horas (Rua São Francisco Xavier). Feriu três meninas.

13/6/68 — São Paulo — É encontrada uma bomba-relógio junto a uma viatura da Policia que fazia ronda contra as manifestações da proibição da I Feira Paulista de Opinião, no Teatro Ruth Escobar. Na ocasião, foi preso o estudante Eduard Abramovay, de 19 anos.

20/6/68 - São Paulo — Duas bombas são jogadas contra a residência do industrial Eric Egan, no bairro de Vila Nova Conceição. O proprietário da casa estava nos Estados Unidos, mas os vizinhos disseram que, quem atirou as bombas, foram os ocupantes de um “Volks" vermelho.

26 e 27-6-68 — São Paulo — Dois carros metralharam o QG do II Exército, no Ibirapuera. Na noite do dia 26, uma camioneta carregando grande carga de dinamite explodiu de encontro ao muro do QG, causando a morte do soldado Mário Kozel Filho. Quatro pessoas ficaram feridas. Testemunhas disseram quer o motorista da camioneta desceu do veículo em movimento e pegou um Volks que já o esperava nas proximidades do Quartel. A Polícia desconfiava na época de que “os terroristas são os mesmos que em fins de 67 roubaram 250 bananas de dinamite da Fábrica Perua, em Cajamar. O roubo foi praticado por indivíduos vestidos com fardas do Exército.

28-6-68 — São Paulo — Meia tonelada de dinamite e 100 cargas montadas com espolêtas foram roubadas da pedreira Giovanolli, no km 15 da Rodovia Rapôso Tavares. A noite, uma bomba é jogada contra o Colégio Mackemzie e os rapazes que a jogaram, segundo as testemunhas, fugiram num Volks.

3.7.68— Guanabara — O menino Rubens, de sete anos, ficou com a mão esquerda mutilada e com uma perna esfacelada. Apanhou uma bomba que estava na Rua Washington Luís. Apanhou e a jogou no chão, ocasião em que ela explodiu. A Polícia fêz várias prisões, mas nada ficou apurado.

7.7.68— São Paulo — Quatro bombas explodiram simultaneamente: 1) à 1h30min na passagem de nível da Estação Engenheiro Goulart da Central do Brasil. Destruiu rêde elétrica e arrancou dormentes do leito; 2) a segunda bomba atingiu um pontilhão e um trem cargueiro da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí; 3) A terceira bomba, na Estação da Lapa, arrancou os dormentes da Estrada de Ferro Sorocabana; 4) A quarta bomba atingiu as vizinhanças dos oleodutos da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí em Utinga.

12-7-68 — São Paulo — Mais dois atentados contra trens. Duas bombas explodiram. A primeira, às 22h, no banheiro do trem prefixo “J-14”, da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, no pontilhão dia Alamêda Nothman. (Não houve vítimas). A segunda bomba explodiu às 23h30min com características idênticas à primeira, mas no trem prefixo “E-158”, da Central do Brasil, que se preparava para sair de Estação Rooservelt. Também não houve vítimas.

18-7-68 — Estado do Rio —Bomba explode no Colégio Santa Bernadete. O petardo estava no lavatório. Não houve vítimas.

22-7-68 — Guanabara — Foi encontrada uma bomba no 9o andar do edifício da Associação Brasileira de Imprensa (ABI). A bomba estava com o seguinte aviso: “Bomba do MAC. Da próxima vez vai explodir”

23-8-68 — Guanabara — Boatos levam o Inspetor Mário Borges à Escola, de Belas-Artes., Nada encontrou. Apenas o pânico dos alunos.

25-7-68 — São Paulo — Exército apreendeu 200 quilos de dinamite na Cidade de Aparecida.

28-7-68 — São Paulo — Bombas explodem nos jardins do palacete 212 da Rua Grajaú, no Sumaré, residência da milionária Elizabeth Chang Margareth. Na mesma rua, no n.° 172, morava o vice-cônsul dos Estados Unidos.

28-7-68 — São Paulo — É prêso ooperário Geocindo Oliveira Camargo, com 25 quilos de dinamite e 300 espolêtas. Estavam numa casa, em Perus.

5-8-68 — Guanabara e Brasília — Bomba explode no Teatro Gláucio Gil em Copacabana. Iam estrear Os Inconfidentes no dia seguinte. No mesmo dia, em Brasília, uma bomba de fabricação militar explode numa ponte da Estrada Paranoá, ferindo três pessoas.

11-8-68 — Niterói — Quartel do 4.o G Can sofre atentado. Um carro passa e atira contra sentinelas. Duas pessoas saem feridas.

18-8-68 — Guanabara — Bomba de fabricação caseira explode às 20h30min na Seção Comercial da Embaixada Soviética, na Rua Alice, causando danos materiais. Não houve feridos.

19-8-68 — São Paulo — Três bombas explodiram: no Largo General Osório, em frente ao DOPS, destruindo várias viaturas da polícia. A bomba estava dentro de um “Aero”. A segunda bomba foi na 15.a Vara Distrital do Forum de Santana e a terceira, na 5.a Vara do Forum da Lapa. Vários prédios vizinhos ficaram danificados, inclusive uma agência bancária.

3-9-68— São Paulo — Telefonema anônimo volta a assustar o pessoal da Assembléia Legislativa e outros órgãos do govêrno.

7-9-68 — Guanabara - Bomba explode num educandário, nas Laranjeiras, logo após a Parada da Independência.

16-9-68 — Guanabara — Bomba na Seção da Composição do Jornal dos Sports causa prejuízos materiais.

27-9-68 — Guanabara - Três bomba explodem. 1) Residência do coronel Jary Hunt, da Fôrça Aérea Norte-Americana, na Rua Visconde de Albuquerque 324; 2) Bomba (desta vez de verdade) na Escola Nacional de Belas-Artes; 3) Bomba no Centro Acadêmico Cândido de Oliveira, na Praça dá República.

13-10-68 — Guanabara — Bomba de alto poder explosivo contra a Livraria Civilização Brasileira, na Rua Sete de Setembro. Quase destruiu um quarteirão inteiro. Todas ais vitrinas ficaram danificadas. A bomba atingiu cêrca de 200 firmas. (nota: a situação era tão confusa que alguns jornais acusam a esquerda e outros jornais acusam a direita. As fotos a devastação foram censuradas e não publicadas. O emblemático assassinato do capitão americano Charles Rodney Chandler havia ocorrido alguns dias antes.)

Diario da Noite (SP) 15-out-1968 ataque contra civilização braisieleira

18/10/68 — Minas Gerais - duas bombas em Belo Horizonte: uma contra a residência do delegado regional do Trabalho sr. Onésio Vicente de Sousa e outra contra a residência do interventor do Sindicato dos Metalúrgicos, sr. Humberto Pólo. Em ambos os atentados houve apenas danos, materiais.

19/10/68 — Estado do Rio — Dinamite destrói cartório de Registro Civil da localidade de Itaguaí.

23/10/68 — Guanabara — Um servente da Faculdade de Direito da UFRJ encontra “coquetéis gigantes” (nota: molotov), em dois galões de cinco litros, prontos para explodir.

24/10/68 — Guanabara — Polícia apreendeu 50 bananas de dinamite na casa de Lúcio Costa Menezes, em Jacarepaguá.

27/10/68 -São Paulo — Bomba explode na Sears (nota: loja de departamentos de matriz norte-americana) do bairro de Água Branca/ Prejuízos materiais.

31/10/68 — São Paulo — É encontrada na Rua Paim uma bomba feita com material exclusivo das Fôrças Armadas. Exército apura.

1/11/68 — Guanabara — Bomba contra a Livraria Forense, na Rua Erasmo Braga, no Castelo.

7/11/68 — Guanabara — Bomba contra o depósito do Jornal do Brasil, num subúrbio carioca.

10/11/68 — São Paulo — Bomba explode numa usina de asfalto, em São Bernardo do Campo. Um trabalhador perde um braço.

26/11/68 — São Paulo — Duas bombas explodem no Parque da IV Zona Aérea, pouco depois das 19 horas. A polícia começa a caçar Mariguela.

27/11/68 — Estado do Rio — Explode bomba na casa do ex-prefeito de Nova Iguaçu, Antônio Joaquim Machado, na Rua Brás Júnior, 1.606.

1/12/68 — Estado do Rio — Novamente atentado contra cartório de Registro Civil de Itaguaí. Dinamites destroem mais uma vez o prédio.

2/12/68 — São Paulo - Volta o terror à Assembléia Legislativa, com falsas ameaças pelo telefone.

8/12/68 — Guanabara — O CCC (nota: Comando de Caça aos Comunistas) após sucessiva ameaças explode bomba às 2 da manhã no Teatro de Arena do Grupo Opinião, em Copacabana, atingindo ainda 12 lojas do Super Shopping Center, da Rui Siqueira Campos.

7/12/68 — Guanabara — Uma bomba de alto poder explosivo é colocada pela madrugada na agência do CORREIO DA MANHA, no Edifício Marquês do Herval, destruindo as instalações, causando prejuízos calculados inicialmente em NCr$ 300 mil. O deslocamento de ar provocado pela bomba arrebentou vidraças de lojas e escritórios nos 10 primeiros andares do prédio. Na agência, abriu uma cratera de mais de um metro de diâmetro, pondo os ferros da laje & mostra. Arrebentou ainda as esquadrias de alumínio, o mármore das paredes, o sistema de refrigeração e sua casa de máquinas. Todo o mobiliário foi danificado. A livraria, que funcionava no mesmo local, teve as suas vitrinas totalmente destruídas. O operário Edmundo dos Santos saiu gravemente ferido. A explosão foi ouvida num raio de mais de 500 metros.

Minutos antes, uma outra bomba explodiu na Faculdade de Ciências Medicas da UEG (nota: Universidade do Estado da Guanabara), destruindo a biblioteca e parte do Diretório Acadêmico, na Avenida 28 de Setembro.

28/12/68 — São Paulo — Trinta homens, fortemente armados, invadiram uma pedreira situada no Município de Mogi das Cruzes e roubaram 520 quilos de dinamite. Fugiram em sete carros que os aguardavam com os motores ligados. Não deixaram pista.


ATENTADOS EM 69

4-1-09— Guanabara — Bomba contra a viatura 6-210 da 4.a DP quando ela estava estacionada defronte da Delegacia, na Praça da República. Mais duas viaturas da Polícia foram atingidas por uma outra bomba Jogada nas proximidades da Delegacia de Defraudações, na Avenida Presidente Vargas. As bombas foram Identificadas como Geleps-piquete, da Fábrica Presidente Vargas, do Ministério do Exército. Setes fatos aconteceram pela madrugada. Ao amanhecer, foi encontrado no Leblotn um Jipe chapa GO 51-40-72 — com diversas bananas de dinamite. Estava abandonado.

7-1.69 — Guanabara — Três bombas explodiram em diferentes pontos da Cidade, matando uma mulher — Alzira de tal —, ferindo quatro pessoa e causando damos. A primeira bomba explodiu às 22h30min debaixo de uma viatura da Polícia, estacionada à porta da 9.a DP. Saíram feridos Geralda Leonardo Pereira de Almeida e Blume Moreira. A segunda bomba, explodiu pouco antes de meia-nolte nas esquinas das Ruas Real Grandeza e Voluntários da Pátria. Os estilhaços atingiram a empregada doméstica Alzira de tal, que morreu no HMC, quatro automóveis e ainda janelas de edifícios da redondeza. Mela hora depois explodia a terceira bomba, na Av. Ataulfo de Paiva, em Ipanema. As bombas eram Geleps-piquete.

14-1-69 — Guanabara — Quatro homens, durante a noite atiram do interior de um Volks azul uma bomba de fabricação caseira contra a porta da loja Curiosidades Charles, na Avenida Rio Branco, 11, causando danos materiais. Fugiram, tomando a direção da Avenida Rodrigues Alves.

26 e 27-1-69 — São Paulo — Sete atentados a bomba ocorreram na capital paulista, causando prejuízos materiais. A primeira explosão ocorreu no saguão dos Diários Associados, onde o Exército estava realizando uma exposição de material subversivo; a segunda explodiu na fábrica de automóveis Ford, em Vila Prudente; a terceira, na Sotema SA., na Rua Antártica; a quarta, nas instalações da Light, no bairro do Tatuapé; a quinta, na Ibelga, Rua Amador Bueno; a sexta, na Burroughs, também, na Amador Bueno; e a sétima bomba, num laboratório de produtos químicos, na Rua Treze de Maio, 50, na Boa Vista.

1-69 — São Paulo - O Exército procura o capitão Carlos Lamarca, acusado de ter roubado grande quantidade de armas pertencentes às Fôrças Armadas. Várias prisões são feitas.

© José Roitberg - Jornalista e Pesquisador 2014

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