quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Dilma e a Bunda

A Copa do Mundo nos trouxe uma série de ações desastradas por parte do governo e quem imaginou que isso ia parar na bunda de alguém? Creio que todos já viram as camisetas da Adidas, patrocinadora oficial da Copa 2014, que colocaram uma mulher gostosa e vestida com biquini numa estampa do Rio de Janeiro que dizia: "Pensado em Marcar no Rio de Janeiro." Nem duplo sentido tinha. São vários os sentidos: seu time vai marcar um gol, seus amigos vão marcar um encontro, você tem um encontro marcado com o Rio e é claro, você vai se dar bem e comer uma carioca. Na outra camiseta, um "I Love Rio", com o coração VESTIDO com um biquini, dando a entender que era uma bunda. As camisetas entraram no mercado dos Estados Unidos e não do Brasil.

Ora vejamos, os historiadores divergem sobre a origem do símbolo do coração não anatômico, utilizado para demonstrar o amor. Alguns apontam uma gravura de mamute paleolítico onde um desenho de coração foi "retirado" de uma mancha na parede (talvez mostrando aos membros da tribo, onde as lanças deveriam ser enfiadas para abater o bicho, mas depois some por mais de 10.000 anos. Outros historiadores garantem que é um bunda de mulher mesmo e a maioria dos historiadores, certamente cooptados pela Igreja e por "história oficial católica moralista", definiram que nosso coraçãozinho onipresente é uma folha da planta "hera", com a qual possui exatamente ZERO de semelhança. Eventualmente alguma folha de hera tem o formato exato do ícone, mas é incomum. Mas história católica é fé, e não realidade, então tudo bem. Outra quarta corrente acha que o símbolo vem do perfil de dois cisnes se beijando, ou bicando, porque cisne não beija, mas é o que eles dizem. É o caso de você escolher a versão que prefere. A minha escolha, é claro, é a bunda!

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Camisetas da Adidas para a Copa 2014 vendidas nos EUA

Então uma empresa comercial VESTE uma bunda, e o PT se escandaliza! Proíbe a venda da camiseta. Então uma marca comercial faz um desenho artístico cartunizado de uma sereia carioca VESTIDA e a presidente fica horrorizada e proíbe a venda! Lamentavelmente a Adidas colocou a bunda entre as pernas e não entrou na justiça contra a decisão. É um caso óbvio de censura! É um caso óbvio de abuso de poder dentro do Estado de Direito, pois no Brasil o presidente NÃO PODE MANDAR EM NADA! Não estamos na Venezuela de Maduro!

"Ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer, exceto devido à Lei", é mais ou menos o que diz nossa Constituição. E como nossa Constituição não proíbe nem bundas vestidas, nem bundas peladas, a proibição das bundas vestidas da Adidas é ILEGAL, INCONSTITUCIONAL e viola os mais básicos preceitos de liberdade no Brasil. Este mesmo governo do PT jamais entrou com qualquer ação nos Estados Unidos contra os sites e portais de brasileiros, hospedados lá que divulgam o racismo e o nazismo para o Brasil.

Este mesmo PT no governo, aceita que o Big Brother da Globo, com suas bundas reais e palpáveis, com biquinis menores que os dos gráficos da Adidas e com todo o resto das mulheres que acompanham tais bundas tenha uma classificação etária de 12 anos. Entendeu??? Para a regulamentação do que pode ser mostrado para as crianças o Estado Brasileiro AFIRMA POR ESCRITO, que a partir de 12 anos as bundas sexy estão liberadas na TV. E Bandeirantes e Rede TV e Rede Record, não ficam atrás na competição das bundas mais volumosas e dos biquinis 3 ou 4 números menores. Tudo isso, liberado pelo ESTADO para consumo de todos.

A Globo (está aqui citada, porque ela o faz) é vista por cabo em dezenas de países e manda a Mulata Globeleza pelada para o mundo inteiro, para atrair a audiência para o Carnaval, onde as peladas e as abundantes proliferam e se multiplicam, com censura ZERO, a qualquer hora do dia, no intervalo de qualquer programa e isso não escandaliza o governo petista.

Somos um país que gosta de mostrar a bunda de forma lúdica, sexy e positiva, não de forma agressiva e ofensiva como ocorre nos EUA, e somos um país que gosta de olhar as bundas mostradas. Ninguém é obrigado a mostrar a bunda e ninguém o obrigado a olhar a bunda de outrem. Evoluímos do pudor do século 19 para uma sociedade leniente com suas bundas e outros petrechos femininos. Quem não quer ver, que olhe para outro lado. Quem não quer assistir, tem a liberdade democrática de trocar de canal. E um país que mostra centenas de milhares de bundas verdadeiras nas praias e clubes todos os dias, não pode impor censura a uma bunda gráfica numa camiseta. Essa imposição é que é a verdadeira IMORALIDADE.

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Dilma dá ao Papa, bola da Nike, mas a bola oficial da Copa é da Adidas

E fez isso, a presidente que parece ter passado na loja da Nike no freeshop do aeroporto de Roma e presenteado o Papa Francisco com uma camiseta falsa da seleção e com uma bola da concorrente do patrocinador oficial, no mínimo uma das ações mais burras que um presidente brasileiro fez, desde que Jânio esmerdalhou o argentino Chê Guevara, assassino de cubanos democratas, com a mais alta comenda nacional. Para Jânio, matar cubanos é um ato de heroísmo. Mas tem que ser os cubanos errados e não os certos. Pergunte aí para sua neta "Sininho", quem são os brasileiros errados...

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Jânio Quadros dá Ordem do Cruzeiro do Sul, para Guevara em 1961

A consideração exposta pelo governo é de que os gráficos estimulavam o turismo sexual, coisa que o governo não quer e a sociedade não liga. Talvez o governo não saiba, mas a prostituição É LEGAL NO BRASIL desde o século 19. O que é ilegal no Brasil o caftismo, a exploração das prostitutas, o agenciamento entre clientes e prostitutas. Quantos caftens você viu presos no Brasil nos últimos 50 anos? Nenhum? Então o governo que proíbe gráficos não prende cafetões: muito correto...

Os dados de uma ONG carioca de uns 10 anos atrás apontavam para a existência de 4.000 prostitutas operando APENAS EM COPACABANA, bairro com população flutuante diária de um milhão de pessoas. Agora mesmo quando escrevo, o sexo pago está rolando solto já com os turistas chegados para o Carnaval, tudo dentro dos conformes, discreto, sem que a sociedade sequer perceba. Muito diferente de Amsterdã, na Holanda, onde as prostitutas se vendem abertamente nas vitrines de suas casas ou prostíbulos e não parece haver holandês ou governo de orange preocupado com o turismo sexual por lá: até o incentiva.

O governo ainda afirma que os gráficos da Adidas estimulam a prostituição infantil. Não estimulam. Prostituição infantil é CRIME DE ESTUPRO, mas o Estado Brasileiro reluta muito em meter na cadeia tais estupradores e reluta mais ainda em tornar públicos os seus julgamentos para preservar a imagem de tais criminosos.

Mas o que é mais imoral? Sexo por dinheiro para meninas que nada tem no interior, ou a fome diária em um vazio não preenchido pelo Estado?

Vou contar uma história. Em 1988 estive em Penedo (Alagoas), uma cidadezinha colonial às margens do Rio São Francisco que tem semelhanças com Ouro Preto. Esta cidade controlava militarmente o tráfego no rio e tem fortes com canhões, muito legais. Foi ponto de resistência portuguesa à invasão holandesa e campo de batalha.

Fizemos uma travessia de balsa vindos do outro lado, lá pelas seis da tarde. Enquanto esperávamos os trocentos carros do rallye do qual participávamos (Rota do Sol), fomos passear pela cidade. Encontramos um cinema com uma lanchonete. Para ter uma ideia do tamanho da cidade, a lanchonete possuía três banquinhos fixos para o balcão. O letreiro empoeirado do cinema, continha ainda o título do último filme apresentado, anos antes de sua falência. Era "O Exterminador do Futuro", de 1984. Triste profecia para Penedo. Estávamos no futuro e tudo tinha se acabado. O baleiro da cidade com sua "caixa de balas" estava parado na porta do cinema falido, até por não ter mais para onde ir. Compramos uns Drops. Coisa kafkiana. Só havia um tipo de sanduíche: queijo quente. Então pedimos alguns, com umas Cocas geladas (de fato sempre tinha em qualquer lugar do sertão). Preço do queijo quente com a Coca? 5 cruzeiros ou cruzados, nem lembro mais que moeda era.

Comemos e fomos rodar a cidadezinha. Quase todas as casas estavam fechadas, provavelmente abandonadas. Descendo a rua da igreja matriz (a ladeira da foto), vimos uma casa com porta e janelas abertas, luzes acesas e várias moças e mulheres com vestitidinhos curtos e normais. Paramos. Começamos a conversar e rapidamente ficou claro que era um prostíbulo. Não havia mais cinema, mas havia prostituição.

Por interesse jornalístico (mesmo) perguntei quanto era. A resposta me deu um nó no estômago e caiu-me no pé a bigorna da realidade do Sertão: "5 cruzeiros, completo", respondeu uma das meninas, aliás, todas muito bonitas, loiras, morenas de olhos verdes e azuis. Este é o destino das nascidas por gens holandeses recessivos em todo os sertão. Em qualquer área de prostituição nordestina você vai encontrar meninas que seriam capa de revista, mas que aos olhos do padrão de beleza nordestino são "as excluídas".

Olhei para meu companheiro de corrida e nem precisamos falar. Dissemos as meninas que voltaríamos logo. Ao chegar na praça da balsa, todo o rallye já tinha atravessado e expusemos a todos a dura realidade daquele lugar. Rapidamente levantamos 150 cruzados entre os participantes e voltamos ao bordel.

As meninas nos receberam com sorrisos, imaginando quais seriam escolhidas. Tiramos o bolo de dinheiro e colocamos nas mãos da mais assanhada que retrucou: "Cê vai querê todas?" Dissemos que não queríamos nenhuma, e que aquele dinheiro era para elas gastarem com elas como elas quisessem. Começaram a chorar e nós também. Aceleramos, demos as costas à realidade desgraçada criada por nossas políticas de Estado e fomos embora. Faltavam uns 20 minutos para a largada de Penedo e tínhamos ainda um logo trecho até Maceió.

Penedo foi arrasada, pois vivia de uma das principais travessias de balsa do São Francisco, a mais próxima de sua foz vindas de Neópolis ou de Santana do São Francisco. Mas resolveram passar a estrada BR 101 alguns quilômetros rio acima, em Propriá e construíram uma grande ponte rodo-ferroviária, praticamente destruindo a economia das três cidades citadas. Agora, passados quase 26 anos a cidade, felizmente, se reencontrou como cidade histórica e está recuperada
(na foto).

penedo alagoas hoje
Foto de Marco Carrillho postada no Google Maps-Panoramio

© José Roitberg - jornalista e historiador - 2014

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

1998 - Os 50 Anos da nova sinagoga Shel Guelimut Hassadim

O RIO JUDEU QUE O POVO ESQUECEU

JUBILEU DE OURO: CRÔNICA DE UMA EPOPÉIA SEFARADITA

por Roberto L.Benathar (**)
publicado na Revista Menorah número 473 de novembro de 1998
     
Tarde ensolarada de domingo. Bandeirinhas de Israel e do Brasil tremulavam presas às mãozinhas das crianças: “Iom Ha’atsmaaút” comemora-se alguns meses antes com a alegria contagiante de um “Toque deXofar” anunciando que “Medinat Israel” era nossa! Inteiramente nossa! A rua estava repleta. A bucólica Rodrigo de Brito engalaneara-se para receber sua mais ilustre moradora: a pedra fundamental da sede própria do Templo da União Israelita Shel Guemilut Hassadim! Na rua pontificavam casinhas aqui e acolá, terrenos vazios, muitos.
     
Era o dia 10 de outubro de 1948, 07 de Tixri de 5709. A comunidade judaica lá se apertava por volta das 15 horas. Convocada por seus líderes a participar de mais uma das solenes epopéias sefaraditas, respondia em cânticos como cantaram para Moisés os filhos de Israel a bela canção “Azi IaxirMoshé Uvnei Israel...” Rostos adultos, rostos de velhos patriarcas, de velhas matriarcas, rostos de bebês, rostos de jovens adolescentes, perninhas saltitantes de crianças, e ... povo! Aquele povo das ruas desejoso de saber o porquê de tanta manifestação esfuziante! O povo desejava conhecer o que representava aquela movimentação epidíctica!

Sinagoga Shel Guemiluta Hassadim - Rua Rodrigo de Brito - Botafogo - RJ - fundada em 1866 e passando por 7 endereços, é a sinagoga mais antiga em atividade no Basil. Seu rito é marroquino.
2013 - Shel Guemilut Hassadim
     
A bela tarde que se prenunciava, o ambiente descontraído, agitado, cheio de fragor suave tão próprio do judeu sefaradita, predizia uma grande festa! ãs 15:30 horas a solenidade tem início: Ata histórica deveria ser lavrada! Urna contendo elementos simbólicos e representativos do acontecimento seria depositada sobre a pedra fundamental! Isaac Rafael Benoliel, Diretor de Culto (Parnás), abre a solenidade e convida a tomar assento à mesa dos trabalhos representantes de outras Congregações Judaicas: Rabino Lemle, Salvador Esperança, Felix Hasson, Alexandre Goethe, Tufic Nigri, e representantes da Comunidade Shel Guemilut: Jomtob Azulay (Presidente), Rafael Serruya (Vice-Presidente, Messod Benzecry (Secretário), Maurício Mossé (Tesoureiro), David Pérez (Orador Oficial). Em seguida, convocou Fortunato Azulay que abriu a sessão fazendo histórico da Sinagoga, relembrando em merecido preito de saudade Presidentes e Diretores desde 1882 (***), passando pelas tentativas de construção da sede própria efetivadas em 1936 e 1941 mas que não lograram êxito. Somente hoje, neste dia magnífico de outubro, completou Fortunato, “conseguiu coroar de êxito nossa missão e cumprir o mandamento de nossa Torá: construir o Templo.”
     
Segue-se pela ordem David José Prez. Em um daqueles seus maravilhosos improvisos, imponente, cevado de clareza, de consciência, de coragem, mostrou-nos o papel da Sinagoga como legaram nossos Rabinos: ser o local onde ojudeu, concentrado em suas preces, não perde espiritualidade; ser o lugar em que se cuidada educação religiosa das novas gerações, garantindo aperpertuidade da nossa doutrina. Das poucas casas ao longo da rua, embelezadas para o grande dia e das imediações circunvizinhas, pôde-se ver chegar o povo altaneiro a ouvir o discurso de David Pérez, procurando entender o porquê de tanta força naquelas eruditas, mágicas e emocionantes palavras!
     
Isaac Benoliel vestido como de costume, elegantemente, em traje passeio completo de cor bege, gentilmente, pediu aos presentes que assinassem a Ata a ser depositada na Urna, nela constando os seguintes dizeres:
     
“Aos 10 dias do mês de outubro de 1948 (7 de Tixri de 5709), às 15 horas, nesta Cidade, à Rua Rodrigo de Brito n° 37, foi lançada a pedra fundamental da Sinagoga a ser construída neste local. Pela diretoria foi mandada lavrar esta Ata em comemoração da cerimônia realizada”.
     
Em seguida o Parnás Benoliel, amável como o é o homem de convicção firme, nomeou uma a uma, as matriarcas responsáveis pelo depositar na Urna os detalhes mínimos do extraordinário dia:

      Sr“ Jomtob Azulay: o pergaminho da Ata.
      Sr3 Rafael Serruya: o Boletim de n° 1 do Departamento Cultural e Social.
      Sr3 Ambrosio Ezagui: o convite para o lançamento da pedra fundamental.
      Sr“ Shaba Levy: algumas moedas.
      Sr“ Regina Moraes e Matos: telegramas recebidos.
      Sr“ Pepe Benzecry: o Jornal do dia.
      Sr“ Samuel Lasry Laredo: conduziu a Urna até a pedra fundamental.
     
Vale lembrar que em todas as épocas as mãos das matriarcas se constituíram em fonte de engradecimento do Povo Judeu. Depositada a Urna foram convidados pelo Párnas a preparar o cimento os Senhores José Adler, Abrahão Ramiro bentes e Saul Caji. Os presentes foram convocados a lançar uma pá de cimento. Principiou esta etapa da festividade o sábio maior David José Pérez. nesse momento quebrara-se a tensão, a festa seguia com todo o previsto muito bem desenvolvido e as palmas puderam soar quentes e acarciantes!
     
Prosseguindo com a efeméride, Rabino Lemle, representante das demais Comunidades Judaicas presentes, lembrou em sua alocução que 7 de Tixri se constituí em um dos dias de “Texuvá”. Conclui por elogiar Jomtob Azulay que concretizava seu sonho de muitos anos e por afirmar que nesse momento deve-se realçar o princípio j udaico da Democracia baseado no D’us Uno e Humanidade Una. Outros oradores também se apresentaram: Tufic Nigri louvou a grandiosidade do evento; Moyses Azulay representando a Comissão dos construtores composta dos Engenheiros Rbom Benchimol, José Mizrahi e dele próprio, fez ver aos presentes como fora planejado o Templo: salão de culto e salão no andar térreo para fins culturais e assistenciais.
     
Encerrou a cerimônia o Párnas Isaac B enoliel agradecendo aos presentes pela tarde, pedindo as Bençõas de D’us e asseverando que as futuras gerações seriam gratas pelo esforço daqueles homens e daquelas mulheres ! Os presentes começaram a retornar às suas residências e, em gosotosa vozearia, comentavam a grandeza da iniciativa! Evadiam-se em sonhos, a imaginar nossa Sinagoga pronta, viva, cheia e repleta de judeus de todos os rincões brasileiros e de irmãos marroquinos que nos legaram soberba cultura! Quem sabe sonhava aquele cortejo com o novo Templo repleto em um Cabalat Xabat, ouvindo alegre os Salmos de david?!!...
     
Em 7 de setembro de 1950 aquele sonho tornara-se realidade. Estava pronta nossa relíquia, consagrando o novo templo-sede-própria da União Israelita Shel Guemilut Hassadim !
     
Jomtob Azulay permanceu Presidente até 1959 ano de seu falecimento. De lá para cá foram Presidentes - todos sem exceção mantiveram firmemente o culto de tradição hispano-portuguesa:
     
Falecidos: Abraham Benoliel, Eliézer Zagury, Aarão Benchimol, Fortunato Azulay, Israelino Buzaglo, Messod Benzecry, Moysés Eshiriqui, Abraham Ramiro Bentes.
     
Vivos (Bendito D’us): Rubem David Azulay, Menahem Miguel Benjó, Samuel Joshua Levy, César Benjó.
                                                                         
(*) Publicado pela primeira vez no Boletim da União Israelita Shel Guemilut Hassadim, 50 (2): 28-9, out-nov. 1998.
   
(**) Professor Universitário vem realizando estudos sistemáticos sobre a História da Shel Guemilut, muitos deles publicados na Revista Menorah.
     
(***) Foram Presidentes até 1922 quando tomou posse Jomtob Azulay: Arthur Levy, Isidoro Hass, Abraham Parente, Joseph Alcaim, Leão Abreu, todos falecidos.

© Editora Menorah - 1960-2014

PEQUENO HISTÓRICO DA SHEL GUEMILUT

Sinagoga da União Shel Guemilut Hassadim
1866 - Foi fundada ainda na época do Império e seu alvará foi assinado pelo Imperador D. Pedro II. Sua localização inicial foi na esquina da Praça da República com rua Senhor dos Passos. Foi fundada como União Israelita do Brasil
Em 1873 teve seus estatutos aprovados no dia 13 de janeiro e foi para rua da Alfândega 358. Abaixo o diário oficial do dia 28 de janeiro de 1873.
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1876, a União Israelita do Brasil recebe autorização para criar um cemitério judaico na Rua da Alegria que hoje fica nos fundos do Cemitério de São Francisco Xavier. Não se sabe se isso foi adiante ou por que não foi.
1890 na Rua do Hospício 81, também chamada de Sociedade União Israelita, cuja diretoria se encontra abaixo (Almanack Adminsitrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro)
1891 O Almanack Adminsitrativo, Mercantil e Industrial do Rio de Janeiro, de 1891 faz referência A SOCIEDADE UNIÃO ISRAELITA RUA DO HOSPÍCIO 81 E SUA DIRETORIA
1897 com o nome Sociedade Beneficente União Israelita do Brazil, está na mesma rua do Hospício (Buenos Aires), agora no número 97
1900 na rua de São Pedro 253 (rua não existe mais).
Em 1911, sob a presidência de Arão Henrique Malca, mas aluga a rua do Hospício 166 para Rosh Hashaná e Iom Kipur. É a primeira vez que temos publicado no nome União Israelita Shel Guemilut Hassadim. Outros membros conhecidos desta diretoria são: Leão Abreu e Samuel Nahon.
Em 1920 na rua do Lavradio 90, no sobrado abaixo que ruiu em 2013.
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em 1935 na rua Francisco Muratori 33 (Sta Teresa perto da Lapa) abaixo, prédio ainda em excelentes condições.
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Em 1948 na rua Rodrigo de Brito em Botafogo, onde se encontra hoje. Há um vídeo único de 1950 por ocasião de um ano de localização em Botafogo e mostra as fachadas dois dois endereços anteriores. Você pode assistir aqui.
Aniversário de um ano na rua Rodrigo de Brito
© José Roitberg - jornalista e historiador 2014

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

CIB nos anos 1950

O RIO JUDEU QUE O POVO ESQUECEU

Crônica sobre os momentos iniciais do Clube Israelita Brasileiro, até então Centro Israelita Brasileiro, publicada na revista Menorah número 481 de julho de 1999

Uma amorosa viagem pelo Centro Israelita Brasileiro do final dos anos 50.

por Samuel Szwarc

"Ai de ti, Copacabana" (Rubem Braga)

     Na mesma época que entrei para o científico (1953) meus pais trocaram a calma Tijuca, bairro classe média do Rio, onde estudei o primário e o ginasial, pela agitada Copacabana. Como definir Copacabana, ainda Capital Federal, no início dos anos 50, para um jovem sonhador que gostava de escrever, jogava voleibol, tênis de mesa e xadrez, com alguma qualidade, modéstia à parte,
     O bairro merecia a fama internacional que desfrutava. Sua capital: o Hotel Copacabana Palace, o Copa, o Bife de Ouro, seu famoso restaurante e a disputada pérgula e piscina com celebridades permanentes. O Hotel, aliás, acaba de comemorar seus 75 anos, com brilho renovado e público idem.
     Nós, garotos, que freqüentávamos a praia ali no posto dois e meio em (frente ao Copa), não entrávamos no hotel nem por decreto. O porteiro já nos conhecia, não deixava. O Copa era para seus hóspedes famosos e para os socialites da época, cujos nomes saíam freqüentemente nas colunas sociais que começavam a despontar, comandadas por Jacinto de Thormes e Ibraim Sued. Da mesma maneira que hoje ver novelas, o programa do Faustão, ou da Hebe, não era "bem” naquela época, ler colunas sociais, Mas a gente lia. Essas colunas, bastante renovadas, ainda hoje, são um espelho do que acontece na cidade.
    Véspera de ano novo em Copacabana. Como bom carioca, gostava de vestir branco na passagem do ano, ficava inclusive bonito o contraste com a pele morena.
    O bairro vai ficando mágico logo ao nascer do dia, Não há mais ansiedade. Quem tinha que sair já saiu. Li, recente, que carioca acha brega ficar em sua cidade, -durante o Reveillon. Mentira, sacanagem. Nesses últimos anos o espoucar de fogos, a magia do lugar, o sincretismo da Umbanda com seus atabaques, suas velas, seus mistérios, imperdível. Um luxo.
     Houve um tempo, não muito longe, que você não tinha medo de andar a noite por Copacabana.
     Recomendável, recomendável, nunca foi. Sempre houve naqueles tempos uma convivência aceitável com a bandidagem do local.
     O Lido, era lugar de boites animadas e de bares e restaurantes famosos. A gente, lá pelos 16, 18 anos, não freqüentava esses lugares. Não estava na moda pai pagar despesa de filho em boite ou restaurante, você tinha que trabalhar para usufruir.
     Cinemas, todos, vocês ia a pé de um para outro.
     Foi uma época rica: os musicais da Metro, a "nouvelle vague” francesa, o neo-realismo italiano, o cinema novo brasileiro.
     No teatro, Guarnieri, Boal e Nelson Rodrigues, abriam horizontes à dramaturgia brasileira.
     Os contistas mineiros, Guimarães Rosa, Mário Palmério, a Bossa Nova, (Tom/ Vinícius/João Gilberto), Maria Bonini na Bienal de Veneza. No esporte, Brasil pela primeira vez. campeão do mundo de futebol e basquete, Maria Ester Bueno no tênis, Eder Jofre no boxe. Nelson Pereira dos Santos e Roberto Farias com o cinema novo, e por aí vai.
     O período 56/60 foi muito fértil. Parece banal dizer isto agora que as evidências são mais notáveis.
     Faço apenas um superficial exercício de memória, e de reflexão.
     O que atingia a mim, à minha geração. Claro que existirão visões bem mais profundas. Bom para elas e para aqueles que sempre conseguiram enxergar, comparar e julgar as coisas.
     Politicamente, a década começou conturbada pela volta de Getúlio Vargas à Presidência da República, Do "mar de lama” ao suicídio foi um passo, Os meses seguintes (todo o ano 1955). foram marcados por golpes e contragolpes até a eleição apertada de Juscelino. Os seus 50 anos em 5 foram de arrepiar.
     Preciso dizer mais? Preciso. Ainda e principal-
mente que havia um clima de confiança e otimismo neste País. Que era um momento alegre, a despeito dos nossos sempre grandes problemas sociais. Respirava-se o melhor dos ares: o ar da liberdade.
      Éramos jovens. Isso acrescenta e desculpa muitas coisas. Como hoje, queríamos salvar o Brasil e o mundo, e tínhamos muitas fórmulas para isso.
      Certo ou errado, dávamos o nosso exemplo. Nem que fosse o exemplo de nossa insatisfação.
      Queríamos realizar, participar. E aquele casarão branco, majestoso, da Rua Barata Ribeiro, em frente à Rua Anita Garibaldi, ao da lado da Galeria Menescal, foi o "palco cênico” ideal para a excepcional oportunidade de provar isso.
      Chamava-se Centro Israelita Brasileiro, o CIB, e era o Centro da Comunidade Israelita Sefaradí, que imigrou vinda das cidades turcas e gregas de Ismirna, Salônica, etc.
      Há algum tempo mudou de nome, agora é Clube Israelita Brasileiro. Mas continua CIB.
      Dois salões. O de cima, para carteado, que a comunidade sempre foi chegada, sem distinção. No de baixo, o salão social, dos bailes, das atividades culturais e cívicas. Um bar térreo, um restaurante em cima. Na frente, varandas; nos fundos uma solitária quadra multiesportiva (o CIB era bom nos esportes coletivos: vôlei, basquete e futebol de salão). A sinagoga veio depois, lá pelo final dos anos 60, se não me engano.
      Poucos sócios. Talvez 300 famílias, pouco mais. E uma legião de sócios-atletas e sócios sociais, uma juventude bonita que freqüentava e apoiava toda a programação do clube. Que era totalmente idealizada pelos jovens componentes do seu Departamento da Juventude.
      Esses jovens, na faixa dos 18 aos 22 anos viravam o CIB de cabeça para baixo.
      Como responsáveis pela programação social e cultural, e sob a liderança de José Gomlevsky, diretor do Departamento de Juventude, aquele grupo fez e ousou.

O DEPARTAMENTO DA JUVENTUDE (DJ)

     Não me lembro exatamente quando começou o Departamento da Juventude do CIB. Acho em foi em 1956 ou 1957 quando José Gomlevsky foi eleito Diretor da Juventude e convidou um grupo do jovens entre 18 e 22 anos, que perambulava pelos corredores, alguns fazendo esporte, para compor o novo Departamento. Os jovens foram Moysés Akerman, Oscar Magtaz Z’L, Itamar Faul Z’L, Nelson Levy e eu. Pouco depois ingressaram: David Klajmic, o Darruda; Jacques Eduardo Hasson Z’L, que nos deixou tão apressado; Roberto Algranti, Jack Blajchman, Nilton Orembuch, Joaquim Breslauer, Alberto Mizrahy,
Enrico Goldner, o Caburé, Ariel Wainer Z’L, o João Laewenstajn ... . Se a memória não falha, estão todos aí. (Somente rapazes, observo hoje, de passagem ....).
     As reuniões eram realizadas pontual e religiosamente aos sábados a tarde, com surpreendente regularidade para uma turma tão jovem (e carioca), na sala da Diretoria, no andar térreo. O DJ era responsável pela programação social e cultural do clube, menos a esportiva que tinha um diretor próprio, o Dr.Isaac Amar, uma grande e querida figura, realmente fundador e grande batalhador do esporte no CIB. O grupo teatral, que encenava pelos menos uma peça por ano, era também responsabilidade de outras área.
     Esses jovens se auto-intitulavam "os cobras”, no sentido (pretensioso) de melhores, um convencimento desnecessário. Mas na realidade, desempenharam um importante papel na vida social e cultural da comunidade judaica carioca de então, sobretudo a jovem.
     De um modo geral, denominado "Guerra e Paz”, originou-se a Revista do CIB, dirigida desde o início por mim, pelo Moysés Akerman e pelo Oscar Magtaz Z'L.                                          


A PROGRAMAÇÃO

     2a feiras: o CIB fechava
     3a feiras: Carteado no salão superior de 3a a Domingo. Podia-se jantar ou comer um sanduíche, no restaurante/bar. Na quadra descoberta (anos depois fizeram o ginásio e a piscina), treino ou jogo de voleibol. Tênis de mesa no salão inferior.
     4a feiras: basquete ou futebol de salão na quadra.
       Ensaio do teatro.
     5a feiras: Sempre uma atividade cultural, como cinema, música, júris simulados, palestras sobre temas da atualidade, política, judaísmo e comportamento.
     Dizer qual a Bossa Nova - um momento excepcional da MPB, também nasceu no CIB (e ao mesmo tempo no Beco das Garrafas - Bottles Little Club - e no Clube Leblon, que não existe mais), pode parecer exagero, uma vez que isso não é mencionado no excelente livro do Ruy Castro.
     Embora o poeta maior Vinícius de Morais tenha expressamente se referido aos três locais em testemunho à Revista Manchete no anos 70.
     A nossa participação foi a seguinte: em 1958, um radialista chamado Estevam Herman, comandou no CIB, as quintas-feiras, um programa chamado samba-jazz.
     Samba numa 5a feira, jazz na outra. Nesses programas de samba ouvi pela primeira vez João Gilberto, Chico Feitosa "Fim de Noite”, Luís Carlos Vinhas, Ronaldo Boscoli, Luiz Eça, Nara Leão e tantos outros. No Carnegie Hall, de Nova York, já em
62 - aquela batida sincopada "conquistava o mundo", e eu deixo aos historiadores esses fatos passados no CIB, acho que narrados pela primeira vez.
      6a feiras: Em respeito ao Shabat, não havia
• programação, mas a sede ficava aberta. O CIB não era "religioso" mas obedecia razoavelmente aos feriados e festas judaicas, algumas inclusive comemoradas.
      Sábados: Pela manhã, praia, que estamos no Rio ensolarado, em Copacabana, no Posto 4. A tarde (5 hs em ponto) começava a reunião do DJ.
      E as noites, eram sempre mágicas, como devem ser a noites de Sábado quando se tem 20 anos.
      Era uma geração bonita, não tenho dúvidas.
      Namorava-se, dançava-se bolero e samba-can-ção de rosto colado, vimos surgir ritmos como o "Rock", o "Twist", o Chá, Chá, Chá, esses poucos depois.
      Sábado a noite era dia de bailes em traje "passeio completo", isto é, terno e gravata, música ao vivo com orquestras famosas como as Booker Pittman (pai de Eliana) e de Waldemar Spillman. As moças, bem produzidas pois a vaidade era estimulada, o intelecto também. Era o tempo do decote e da cueca samba canção.
     Os rapazes bebiam cuba-libre (rum com coca-cola), depois surgiu o "Hy Fy" (vodka com suco de laranja), o Whisky veio mais tarde.
     As moças pediam coquetel de frutas sem álcool.
     Nesses bailes, sempre havia show com artistas famosos: Silvinha Teles, Trio Irakitan, os Cariocas, Lúcio Alves, Tito Madi, Agostinho dos Santos e tantos outros.
     O CIB fazia baile de tudo que era tipo: debutantes - como era comum na época - desfile Bangu, patrocinado pela conhecida fábrica de tecidos: bailes de carnaval e "gritos de carnaval", com apresentação de escolas de samba, como Império Serrano e Mangueira; bailes de São João, com quadrilhas, fogueiras e todo mundo fantasiado. Alguns bailes eram a rigor, como o do aniversário do Clube, com o salão ricamente decorado pelo bom gosto da esposa do José Gomlevsky, Ligia Hazan Gomlevsky, filha de um dos fundadores do CIB.
     Aos poucos, fomos ficando menos formais, o traje virou esporte, a música ao vivo cedeu lugar à parafernália do som, da música disco, que começou no CIB, num salão pequeno e com poucas mesas. Com o sucesso, a música disco ocupou o salão térreo, principal, sempre lotado nessas ocasiões.
     Domingos: No último Domingo de cada mês, o DJ realizava um programa de auditório que fez bastante sucesso: "Responda se Puder". Um misto de perguntas e respostas sobre temas diversos e brincadeiras de todo tipo. Com premiações, sorteios etc.
Conheci bem este programa, era um de seus apresentadores ao lado de Moysés Akerman, Devido ao sucesso do programa, recebíamos convites para apresentações fora do clube, como a que fizemos no clube Caiçaras, no Rio, e luxo dos luxos, na Hebraica de São Paulo!
      Os bailes menos formais - domingueiras, ao som de música-disco (primórdio das discotecas^ -começaram também nos domingos.


O ESPORTE

      O Esporte coletivo no CIB, durante a década de 50. teve um destaque merecido. O CIB era bom no Vôlei feminino, bi-campeão dos jogos da Primavera, grandiosa promoção esportiva inter-clubes do lornal dos Esportes. Suas atletas mais famosas foram ,vou cometer omissões mas a citação é essencial' Violeta Cheniaux e Anita Bubman-. no voley masculino o CIB sempre esteve entre as três melhores equipes do Rio. vencedor de inúmeras macabíadas nacionais e sempre base do time de voley do Brasil em macabíadas em Israel. Destaques: Boris Guivelder. Eliahu Chut. Oscar Bergman. daniel Schwartz e Beniamm Tysenbaum, e até o time juvenil era formado por futuros craques: Carlos Arthur Nuzman ^campeão carioca e brasileiro de voley adulto, pelo Botafogo, muitos anos), Arnaldo Jagle e Milton Cohen no basket, foram destaques: Eliahu Chut. Efrãnio Caboudy, Fredy Cohen, Bob Zagury (que acabou tendo um famoso romance com a Brigitte Bardot'. e tantos outros. O futebol de salão começava com um técnico famoso o Maurício Apelbaum ("Gumex") e os seus craques eram José Apelkaum (Joca) e o Saul Waissman.
      No tênis de mesa, lembramos de Benjamin Goldgrob e jaime Rzezak. Não jogaram no CIB mas não podem ser esquecidos dois grandes atletas judeus cariocas da década: No basket, René Salomon. da ARI e depois da seleção brasileira, campeão do mundo; e Jaime Baidelman, no tênis de mesa.
      Como já foi dito, o Dr. Isaac Amar foi o grande diretor de esportes do CIB. Menção honrosa para seu auxiliar, dedicado e eficiente, Adolfo Mekler, o "Chapinha”.
      Um parênteses para um destaque a dois atletas de vôlei do clube Hebraica, das Laranjeiras, adversário precioso do CIB: Perez Becker e Selmo Astracham, com quem fiz uma dupla que guardo na memória.

FINAL

      Procuro me lembrar de alguma noite no CIB dos anos 50. Não me concentro em nenhuma noite em especial, seguindo o conselho que recebeu a personagem Emily, da peça "Nossa Cidade”, de Thornton Wilder, encenada no clube, com muito brilho, com a Léa Kohn no papel de personagem. O conselho foi: "Volte (no caso da peça, era para a vida), "mas não escolha nenhuma data em especial, escolha o dia, mais simples, e ainda assim ele será importante demais."Sendo assim, escolho uma noite qualquer de um dia qualquer, Na antiga portaria estão o Dorival ou o Mila. Ainda é cedo, são 7 e meia da noite, vejo o Murilo, funcionário da rouparia, montando a mesa do tênis de mesa. Espero os amigos para combinar o programa da noite, que começava no CIB e terminava muitas vezes na sessão das 10, porque cinema no final dos anos 50 tinha um nível excelente. Era no CIB o ponto de encontro, o "encontro marcado” para tanta coisa inofensiva e tantas outras, um pouco mais levadas.
     Destaque para o Sr.Ivan, um gentleman, Diretor Executivo, e com tanta justiça, destaque aos líderes da comunidade Sefaradi do CIB, que deram espaço para que aqueles jovens realizassem um grande trabalho.
     São eles: Salvador Esperança, Mateus Menaschê, Victor Hasson, Jacques Alhanati, Alberto Behar, Isaac Albalgi, Joseph Esquenazí Pernidgi e tantos outros, desculpem as omissões.
     Não sou - que pena - o historiador do CIB, uma das mais antigas entidades de nossa comunidade, que está a merecer uma pesquisa, quem sabe um livro de sua brilhante trajetória, e não apenas retratos deste memorialista de memórias tão duvidosas.
     Nesse trabalho de resgate, vamos encontrar histórias daqueles rapazes, que sob a liderança do nosso Zeca. editor desta Revista, estavam unidos e conscientes que naquele momento e naquele lugar eles tinham um papel a desempenhar.
     Pena que durou tão pouco ...
  
  ♦        Samuel Szwarc, casado, três filhos, duas netas, é carioca da Praça Onze, da Tijuca e de Copacabana. Foi atleta de vôlei da Hebraica e do CIB. Formado pela Faculdade Nacional de Direito, da rua Moncorvo Filho em 1960. Atua com negócio próprio das áreas de Marketing e Comunicação. Mora em São Paulo há 32 anos onde é membro dos Conselhos Consultivo e Deliberativo do Hospital Israelita Albert Einstein. do qual foi diretor por 28 anos. Também foi diretor da Associação Brasileira- A Hebraica de São Paulo em muitas oportunidades e é Conselheiro do Centro Israelita de Assistência ao Menor - CIAM. Contista, Samuel Szwarc venceu há alguns anos o Concurso de Contos do Clube A Hebraica do Rio, com o trabalho "Uma noite em Palmital”. É autor do livro "Contos Judaicos e Outros nem Tanto”.

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segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014