quarta-feira, 20 de março de 2013

Projeto original do Maracanã

Maracanã tinha judeu no projeto? Você sabia? Agora que estamos prestes a ver uma quarta fase do Maracanã inaugurada mas não finalizada, que tal resgatar os autores da obra original, jamais concluída? Em 1947 a prefeitura do Rio de Janeiro abriu concorrência pública para o projeto arquitetônico do estádio. O projeto vencedor foi de autoria da equipe de arquitetos formada por Waldir Ramos, Raphael Galvão, Miguel Feldman, Oscar Valdetaro, Orlando Azevedo, Pedro Paulo Bernardes Bastos e Antônio Dias Carneiro. A sua construção teve início dia 2 de agosto de 1948, na administração do prefeito Ângelo Mendes de Morais. Trabalharam na obra 1.500 homens, e nos meses finais este número elevou-se para 3.500. O engenheiro que iniciou os trabalhos foi Paulo Pinheiro Guedes. A Copa do Mundo de 1950 foi realizada com as obras ainda não concluídas. A rigor, estas só terminaram em 1965, mas longe da configuração do projeto. O parque aquático anexo a um estádio descoberto para tênis e o Estádio Célio de Barros, que também previa uma concha acústica para outros eventos nunca assumiram a configuração do projeto inicial que já determinava a demolição do Museu do Índio, não presente do canto esquerdo superior da maquete oficial. Quanto ao obelisco, nunca saberemos o que iria representar. Todo este complexo foi construído onde funcionou por décadas, o Derby Clube, a principal pista para corridas de cavalos na Capital Federal dos Estados Unidos do Brasil. Na foto temos os arquitetos Miguel Feldman (esq) e Antônio D. Carneiro diante da maquete do Maracanã, em 16/junho/1949. Foto da coleção de Branca Feldman.

Estadio-Municipal-Do-Rio-De-Janeiro-RPPC-Maxi-Postcard-1950-PROJETO-QUE-NUNCA-FOI-EXECUTADO

No final das contas, o parque aquático Maria Lenk foi construído no local da previsão original e o Célio de Barros, também, mas ambos fugindo totalmente as linhas harmoniosas do projeto original. Bem, hoje ambos foram destruídos. Abaixo, configuração do Google Earth em 2009 ou 2010, antes das obras para as Copas de 2013-14.

MARACANA 2010

quinta-feira, 14 de março de 2013

MULHERES DE TALIT - VIOLAÇÃO OU NOVA TRADIÇÃO?

Nestes dias tenho lido algumas posições muito fortes contra as 300 Mulheres do Muro que forçaram a barra e entraram na área feminina do Kotel, com talitot (xales de oração) para fazer as orações delas debaixo de agressões verbais e sopros do shofar dos hassidim e hareidim do lado masculino. Precisa ficar claro para todos que o uso do talit apenas pelo homem é tradição: não é legislação judaica (halachá). Um dos pontos focais da lei judaica é TRADICIONALMENTE TAMBÉM: "Se não está expressamente proibido, pode ser feito." Não há proibição da mulher usar o talit como não há obrigação do homem usar o talit.

Por acaso você já viu alguma sinagoga ou alguém no Kotel EXIGIR AOS HOMENS PRESENTES o uso do Talit? Isso não acontece porque essa é a forma correta de agir. Com a kipá ocorre a mesmíssima coisa. Não há nem obrigação nem proibição, tanto que no ramo reformista inteiro, os homens não usam a kipá. Sequer "cobrir a cabeça" (pela tonelada de motivos sugeridos pelos mais diversos rabinos) é uma obrigação, mas talvez seja nossa mais enfática tradição. E caso todos achassem isso especificamente válido, todos o fariam, mas estamos muito longe disto.

Mas as posições que me incomodam profundamente são das pessoas, algumas de fato obtusas e outras comprovadamente inteligentíssimas que afirmam "É uma tradição então TEM QUE SER CUMPRIDA!"

Estas pessoas não conseguem entender que tal tradição por ser afeita ao ramo judaico onde ela cresceu ou está, pode não ter nada a ver com outro ou outros ramos judaicos. Não temos centralização clerical ou teológica. Não existem vaticanos judaicos, papas judaicos, ou encíclicas judaicas. Deve ser pela nossa heterogeneidade que estão tentando acabar com nossa fé e não conseguem porque não há um ponto focal que derrube todos os ramos. Hoje, pode-se citar pelo menos umas 12 designações judaicas maiores que se afirmam ortodoxas ou se afirmam religiosas quase todas elas são teologicamente opostas e excludentes umas as outras. Isso não inclui o judeu não se define como religioso, mas apenas faz o que lhe permite sentir-se bem consigo mesmo dentro da religião. É um círculo de ramos onde um coloca a mão no ombro do que está a sua frente e diz: "você não é judeu...", mas é um círculo e não um reta!

A estas pessoas que IMAGINAM que tradição é algo PARA SER CUMPRIDO, peço um segundo de consideração a ideia absolutamente verdadeira de que nenhuma tradição COMEÇOU SEM SER EXATAMENTE A NOVIDADE CONTRAPOSTA ÀS TRADIÇÕES ANTERIORES! Isso é a mais nítida das verdades e é muito simples de compreender.

O que se vê atualmente como o estereótipo dos judeus de roupas pretas (nas mais diversas formas divididas por grupo) é apenas o formato hassídico, afeto aos que militam no ramo hassídico iniciado no século 18 como MODERNIDADE E OPOSIÇÃO, principalmente aos judeus de Vilna, e consolidado em meados do século 19 na Europa Oriental, exatamente quando na Europa Ocidental se consolidava a Reforma e o Liberalismo (coisas diferentes).

Estes grupos cresceram juntos. Foram contemporâneos em seu surgimento pelas necessidades localizadas. Mas quando são colocados juntos na mesma praça, defronte ao mesmo muro que é tanto de uns quanto de outros as diferenças ficam violentamente aparentes e em algum momento os ramos precisam compreender que são da mesma árvore e nenhum árvore possui galhos iguais e simétricos.

Dizem por aí e os religiosos escutam mais facilmente que a destruição do Segundo Templo e sua não reconstrução deve-se a cisão judaica, inicialmente a de 2.000 anos atrás e depois disso sua manutenção e modificação. Seria um conceito muito louco afirmar que a solução para tal cisão é a COMPREENSÃO E ACEITAÇÃO DO OUTRO e não a submissão do outro ao meu conceito. Creio que não haja para quem falar isso.

Quanto o leiteiro Tevie,no Um Violinista no Telhado diz: “Tradição? Não sei quando começou, mas é tradição”, ele está certo, mas era um leiteiro de shtetel. Você não é!

José Roitberg - jornalista

Cerveja vai voltar aos jogos de futebol

Que decisão antipatriótica da FERJ - Federação Futebol do Estado do Rio de Janeiro em liberar o consumo de cerveja nos jogos de futebol dentro dos estádios. Há uma pressão nacional amparada pela sociedade em reduzir o consumo estratosférico dessa droga denominada álcool no Brasil, com tolerância zero no trânsito. O torcedor já estava completamente acostumado ao álcool zero nos estádios e a mídia foi muito incisiva contra a FIFA quando ela EXIGIU o consumo de bebidas alcóolicas nos jogos da Copa das Confederações e do Mundo.

Nem FIFA nem FERJ agem no interesse das pessoas nem no interesse da sociedade. Agem apenas em interesse próprio que tem que ser completamente escuso.

O álcool foi banido dos estádios por ser fator determinante na violência de torcedores embriagados dentro do estádio, fora do estádio, nos transportes coletivos e nos carros particulares.

O cenário que deixamos de ver no Brasil retornará no Rio de Janeiro. Veremos mais brigas e brigas mais violentas, veremos atropelamentos de bêbados nas imediações dos estádios, veremos acidentes de trânsito causados por esse medida interna da FERJ.

Podre um país como o nosso que não possui INTENCIONALMENTE a figura do Promotor Público, do advogado pago pelo Estado para falar e dar início a ações pelo interesse óbvio da sociedade.

E como a maior parte da sociedade é consumidora de álcool, vai aplaudir essa decisão, porque sempre são os outros que morrem. A maioria está errada!

José Roitberg - jornalista

domingo, 10 de março de 2013

Chávez Morto–Coreia do Norte à Morte

Estão acontecendo duas coisas que não fazem sentido. A primeira é o velório inicial de Chávez, num caixão fechado, coberto com a bandeira da Venezuela. Ficou largado lá no calor durante uma semana. O governo diz que vai embalsamar e expor num mausoléu aberto, caixão de vidro, estilo Lenin. Especialistas em embalsamar dizem que o processo precisa começar 12 horas após a morte. Assim sendo todos preferem não comentar o que há de fato no caixão, sendo mais provável a veracidade da foto negada pelo pelo governo, do falecido Chávez já embalsamado em dezembro do ano passado.

A segunda é o débil mental do imperador da Coreia do Norte ter anulado o tratado de não agressão de 1953. Tenho certeza de que os jovens não sabem o que foi a Guerra da Coreia então é preciso em pequeno resumo. A Segunda Guerra Mundial no Pacífico não começou com o ataque japonês a Pearl Harbour em 1942, mas muito anos antes quando o Japão invadiu a China e Península Coreana. O fascismo japonês tinha também um forte componente racial, onde japoneses eram superiores a todos os outros povos e sua população foi ensinada assim por pelo menos umas duas ou três gerações antes desta época. Não havia dúvidas.

As atrocidades de japoneses contra todos os outros asiáticos sob ocupação, a escravização, seja antes ou depois de 1942 são horríveis e nada deixam a desejar em relação aos nazistas na Europa. Há uma retribuição coreana, seja do norte, comunista, seja do sul, democrata a espera do Japão. Até hoje isso só não aconteceu pois os EUA tem forte presença militar tanto no Japão quanto na Coreia do Sul. Hoje a China está numa posição contrária à Coreia do Norte e não pretende uma guerra que pode evoluir para nuclear, ao seu lado.

A Guerra da Coreia começou com grupos comunistas centrados no norte do país, apoiados diretamente pela China, que lhes faz fronteira, atacando o Sul em junho de 1950 e tomando a capital, Seul após várias tentativas de golpe de estado.. Começou como uma revolução comunista interna. A ONU estabeleceu uma coalizão de intervenção militar para defender o Sul.

Foi uma guerra mundial localizada e é importante saber quem participou com tropas ativas de combate: pelo norte, Coreia do Norte, China, União Soviética (hospitais militares da Bulgária, Tchecoslovaquia, Hungria, Polônia, Romênia); pelo sul, Coreia do Sul, ONU, EUA, Inglaterra, Austrália, Bélgica, Canadá, França, Filipinas, Colômbia, Etiópia, Grécia, Luxemburgo, Holanda, Nova Zelândia, África do Sul, Tailândia e Turquia (hospitais militares da Dinamarca, Índia, Itália, Noruega e Suécia).

É importante notar que os norte coreanos tinham apenas 266.000 soldados, tendo recebido 26.000 soviéticos, mais uma avalanche de 1.350.000 soldados chineses. O sul mobilizou 603.000 soldados com uma participação dos EUA de 327.000 homens, Juntando tudo, foram 1.642.600 pelo norte (cerca de 500.000 mortos) e 972.214 pelo sul (cerca de 180 mil mortos). Entre a população civil da Coreia inteira foram 2,5 milhões de baixas sendo mais de 2/3 mortos e um número estimado de quase 400 mil sul coreanos sequestrados pela Coreia do Norte cujo paradeiro é basicamente ignorado. Portanto, 3 anos de mais absurda carnificina.

Quando nenhum dos lados suportava mais, foi estabelecido o pacto de não agressão que a Coreia do Norte rasgou ontem mais que publicamente. Tecnicamente, isso significa que a guerra voltou e qualquer ação de qualquer dos lados, neste momento, pode ser considerada uma atividade de guerra e será respondida.

A população da Coreia do Norte não sabe que o mundo existe. Eles são doutrinados há 60 anos, talvez possamos falar de quatro gerações, com a certeza de que que: (1) eles são a única democracia do mundo; (2) todos os países ocidentais são estados fascistas que violam os direitos humanos; (3) eles tem a economia mais forte do mundo e são tecnologicamente os mais desenvolvidos; (4) o que de básico lhes falta, comida, abrigo, saneamento, água é um exemplo do que falta em todo o mundo, sendo que ali, é o lugar onde há mais abundância; (5) os coreanos do sul e os japoneses são animais; (6) os americanos são demônios que cercam o país pelo mar e o prejudicam em tudo que for possível; (7) a morte pelo líder supremo é o desejo nacional (abertamente copiado do regime japonês fascista do século 19-20). E outras coisas que só descobriremos quando o regime cair.

A Zona Tampão entre norte e sul é a área com mais minas terrestres e fortificações do mundo. A tentativa de passar tropas para cima ou para baixo seria inicialmente fatal, mas posteriormente possível. Seul, a capital do sul, uma das cidades mais modernas e desenvolvidas do mundo, fica apenas há 50 km desta Zona. A artilharia (canhões) de longo alcance do norte podem atacar a cidade e o que há entre ela e a Zona, em instantes. Estamos falando aqui, de oficialmente divulgados, 12.000 canhões! No primeiro minuto de ataque, estas armas podem despejar uma chuva de 50.000 projéteis explosivos de grande calibre. Isso só no primeiro minuto e sem contar com aviões, mísseis etc.

Quando um maluco, o próprio Satânico Doutor No, encerra 60 anos de trégua logo após mostrar ao mundo que possui armas nucleares e ao mesmo tempo afirma que vai atacar os Estados Unidos é bom que as pessoas acreditem que qualquer coisa pode acontecer ali e os 4 a 5 milhões de vítimas da guerra de 1950-53 serão um número baixo para o que pode vir.

Para encerrar, para quem não acredita que um regime possa mentir durante 60 anos para sua população, vou citar um texto de Miriam Halfim publicado no Nosso Jornal de uns 15 dias atrás. Anos antes ela foi à Cuba para um congresso da área dela. Disse que carne era só de frango e só no hotel. Um dia não teve o frango algum e ela questionou o gerente do hotel que lhe respondeu com toda a certeza da verdade do mundo: "Os americanos afundaram o navio que trazia os frangos." Nunca se esqueça disto quando pensar em Cuba, em Cháves e em Coreia do Norte.

José Roitberg - jornalista